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Por que Deus não perdoou Adão e Eva

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O alegado por alguns de que Deus não quis perdoar Adão é fruto de lógica simplista, pois Deus não podia perdoar Adão e Eva.


Por que Deus não perdoou Adão e Eva

“Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.”  (Hebreus 12:17).

Introdução

Esta é uma pergunta que corrói muitos cristãos, e os ateus, por sua vez, a utilizam como suporte para contestar as Escrituras através de lógicas simplistas.

Argumentos como: – ‘Se Jesus mandou perdoar 70×7, por que não perdoou Adão e Eva?’, é apresentada como se fosse um xeque-mate aos cristãos, e muitos não tem uma resposta.

Analisemos sobre o prisma bíblico essa questão, pois só as Escrituras possuem revelação segura suficiente para basilar a nossa confiança em Deus por intermédio de Cristo, nosso Senhor.

 

O arrependimento de Esaú

Esaú e Jacó eram filhos gêmeos de Isaque e Rebeca. Durante o parto, Esaú abriu a madre, porém, o seu irmão, Jacó, saiu em seguida com a mão grudada no calcanhar de Esaú. Isso significa que não houve interrupção no nascimento de ambos.

“E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre. E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pelo; por isso chamaram o seu nome Esaú. E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou.” (Gênesis 25:24-26).

Embora Esaú tenha ficado com o direito de primogenitura, pois foi o primeiro a sair do ventre da sua mãe, como não houve interrupção no parto, a questão da primogenitura ainda não estava plenamente determinada. Se houvesse interrupção no parto, a possibilidade de vender o direito de primogenitura jamais poderia ser aventada, pois é um direito inalienável.

Como Esaú desprezou o direito de primogenitura em troca de um prato de lentilha, o que não foi decidido no parto por não ocorrer interrupção, acabou sendo decidido através de um acordo entre os irmãos.

“Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura. E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura? Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó.” (Gênesis 25:31-33).

Esaú desprezou o seu direito sob o argumento: – ‘Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura?’, e Jacó adquiriu o direito sob juramento. Naquele instante Esaú abriu mão do seu direito!

Passado os anos, quando soube que Jacó foi abençoado em seu lugar, Esaú rogou a Isaque, seu pai, que o abençoasse. Embora tivesse feito um acordo com Jacó, Esaú alegou que foi engando duas vezes por seu irmão:

  1. Tomar a primogenitura;
  2. Tomar a bênção.

“E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.” (Gênesis 27:38).

Se a primogenitura pertencia a Jacó por direito, a bênção também. Era impossível Jacó deter o direito de primogenitura e a bênção ficar com Esaú. A importância da primogenitura era tamanha, que foi positivada na lei de Moisés.

“Mas ao filho da desprezada reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver; porquanto aquele é o princípio da sua força, o direito da primogenitura é dele.” (Deuteronômio 21:17).

O escritor ao Hebreus destacou que Esaú queria a bênção dada a Jacó, porém, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, mesmo tendo levantado a voz e chorado copiosamente.

“Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.” (Hebreus 12:17).

Por que Esaú não foi abençoado? Por que não achou lugar de arrependimento? Por que a lágrimas não demoveu o coração de Isaque? Porque a bênção pronunciada por Isaque só comportava um dos filhos. Se a benção já havia sido concedida não havia como ser retirada ou contestada. Se por direito Jacó detinha a primogenitura, a benção justamente lhe pertencia.

Embora Isaque tivesse preferência por Esaú, nada podia fazer, pois em uma casa (família) não há dois primogênitos e, portanto, não cabe duas bênçãos de igual medida. Sempre caberá ao primogênito porção dobrada, e tal direito jamais será alcançado por arrependimento, mesmo que com lágrimas e lamentos.

A questão entre Esaú e Jacó era de direito, ou seja, não cabia arrependimento e nem perdão. O que não foi decidido no parto, foi decidido no acordo comercial. Jacó passou a ter um direito inalienável, que o arrependimento de Esaú não podia mudar e nem o perdão de Jacó remediar.  

 

Adão e Deus no Éden 

Há quem[1] argumente que a Bíblia é contraditória por Deus ter punido Adão e Eva se ambos não possuíam conhecimento do que era certo ou errado. Tal argumento é equivocado, pois apesar de o conhecimento do bem e do mal ser proveniente do fruto da árvore do conhecimento, Adão foi cientificado da liberdade que possuía, pois podia comer de todas as árvores que estavam no Jardim, inclusive o fruto da árvore da vida e do conhecimento do bem e do mal, e quais seriam as consequências.

“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17).

Alegar que Adão não tinha o discernimento para fazer qualquer juízo de valor é desprezar o relacionamento que Adão tinha com Seu Criador, pois na ordem Deus enfatiza a plena liberdade que a sua criatura desfrutava e as consequências dos seus atos.

Quando Deus proibiu Adão comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, apesar da liberdade concedia, deu um motivo suficientemente claro: porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Não cabia a Adão fazer juízo de valor, antes deveria se restringir em obedecer.

Embora fosse sem pecado, Adão em função do mandamento não era inocente, pois sabia das consequências.

“O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.” (Provérbios 27:12).

Adão foi avisado, portanto, cabia a ele obedecer. Nesse quesito Adão não era inocente e nem simples. De outra banda, mesmo que alguém seja simples, ou seja, desconhece os motivos e nuances à sua volta, pode sofrer a pena pelo simples fato de passar.

Basta olhar para o que ocorre nos morros da cidade maravilhosa para ver quantas pessoas simples sofrem as consequências pelo simples fato de circularem pelas vias. Nesses casos de bala perdida, a inocência ou a falta de discernimento da vítima não a livra das consequências. 

O argumento de que antes de comerem o fruto do conhecimento do bem e do mal Adão e Eva não podia compreender que obedecer a Deus era o bem e o desobedecer era o mal não se sustem, pois o alerta divino tinha por base a confiança da criatura no Criador, e o cuidado do Criador para com sua criatura.

A obediência não se estabelece através da compreensão, e sim na confiança. Adão não tinha que decidir se obedecer era certo ou errado, se era bem ou mal, antes devia se sujeitar ao cuidado de Deus ao alerta-lo das consequências de exercer a sua plena liberdade.

Alegar que a narrativa bíblica não faz sentido porque a criatura, antes de comer do fruto não tinha o discernimento para fazer qualquer juízo de valor é outra falácia, pois Eva conseguiu discernir que o fruto da árvore era bom para se comer, agradável aos olhos e que podia trazer conhecimento.

“E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento;” (Gênesis 3:6).

Deus deu a sua palavra para o homem se guiar, e a informação era suficiente graças a confiança existente entre criatura e Criador. Deus não queria que o homem se guiasse pelo que entendia ser certo ou errado, pois nessas bases não há confiança, pois a confiança emana do cuidado sublinhado no mandamento.

Se o conceito de certo e errado fosse essencial a obediência, hoje não haveria desobediência a palavra de Deus, pois ela é anunciada a homens que detém o conhecimento do bem e do mal e, mesmo assim são poucos os que obedecem.

Alegar que a história do Éden é sem sentido e mesquinha sob o argumento de que Deus não teve a grandeza do perdão na desobediência de Adão e Eva é um julgamento de homens mesquinhos que jamais teriam a grandeza de enviar o seu Filho unigênito para morrer em resgate de muitos, mesmo sendo pecadores.

“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8).

A lei dada no Éden era santa, justa e boa, pois visava preservar a vida, a comunhão e a liberdade que o homem possuía em Deus, e a consequência da ofensa era bem especifica: no dia que comesse, certamente o homem morreria, ou seja, perderia a comunhão, a vida e a liberdade.

 

Justiça e perdão

Quando dilata a quantidade de vezes que se deve perdoar as ofensas de um irmão, de sete para setenta vezes sete, em resposta ao questionamento de Pedro, Jesus somente evidenciou a mesquinhez humana quanto ao perdão.

Quem se predispõe perdoar o seu irmão e lança mão de um limite que se conta nos dedos das mãos, na verdade, busca pretexto para ofensa, revanche e vingança.

Todos os homens são falhos nas relações e interações com o seu próximo e, se o perdão não for a tônica das relações humanas, elas não se sustem. Para afastar a hipocrisia daqueles que se posicionam como ofendidos e que não consideram que também podem ofender, os ouvintes de Jesus foram concitados a compreender que, com o mesmo juízo que se julga o outro, quem julga será julgado e, com a mesma medida com que se mensura o outro, quem mede será mensurado, daí a necessidade do perdão, pois hoje a falta é do outro, e amanhã, a falha será nossa. 

“Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” (Mateus 7:2).

Entre irmãos o perdão é necessário, e por isso a recomendação paulina enfatiza a reciprocidade do perdão:

“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Efésios 4:32);

“Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.” (Colossenses 3:13).

Na interação dos irmãos sempre cabe o perdão, pois não evolve questões de direito inalienáveis.

Embora Esaú tenha se sentido enganado, acabou perdoando Jacó, mas Jacó não tinha como desfazer o que foi negociado com relação ao direito de primogenitura. Esaú não tinha como alcançar a primogenitura, mesmo arrependido, e Jacó, mesmo que quisesse abrir mão do direito, já não podia fazê-lo.

“E Esaú odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão.” (Gênesis 27:41);

“Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram.” (Gênesis 33:4).

Para reparar a rotura que surgiu na relação entre Esaú e Jacó coube o perdão, tanto que Esaú não atentou contra Jacó como havia proposto. Entretanto, quanto ao direito de primogenitura, nem o arrependimento de Esaú e nem o perdão entre eles possibilitou Esaú alcançar a primogenitura.

Na relação que existia entre Deus e Adão no Éden, qualquer outra falha ou deslize de Adão seria tolerado ou perdoado, pois não alteraria a natureza de Adão e nem levantaria uma barreira de separação entre Deus e os homens.

A ofensa de Adão violou um mandamento que possuía fator determinante: ‘certamente morrerás’, e mesmo Adão se arrependesse como fez Esaú, não haveria e nem caberia o perdão divino.

Deus é imutável, fiel e não pode mentir, e se perdoasse Adão, iria contra a sua natureza (imutabilidade) e palavra (não pode mentir).

O alegado por alguns de que Deus não quis perdoar Adão é fruto de lógica simplista, pois Deus não podia perdoar Adão e Eva. Vale frisar que Deus é soberano, porém, igualmente santo e justo, e caso perdoasse a ofensa de Adão, Ele atentaria contra a Sua própria natureza.

Deus não podia atender o absurdo proposto por Moisés: “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito.”  (Êxodo 32:32), pois cometeria injustiça. De igual modo, mesmo que houvesse arrependimento com lágrimas por parte de Adão, Deus não podia perdoá-lo.

Deus é vida e Adão estava morto. Adão antes da ofensa tinha comunhão com Deus, mas como Ele passou à condição de trevas, não tinha como ser restaurada a comunhão com Deus. Adão gozava de liberdade, após a ofensa tornou-se independente, livre de Deus e sujeito ao pecado.

“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” (Romanos 6:16).

Deus não podia se interpor entre o estabelecido no mandamento e as consequências decorrentes da ofensa ao mandamento favorecendo Adão e Eva em detrimento da Sua fidelidade à Sua palavra.

“Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Timóteo 2:13).

Para conciliar as duas funções: justo e justificador, sem cometer injustiça e sem comprometer a Sua fidelidade, Deus estabeleceu propiciação aos homens através da pessoa de Cristo.

“Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:26).

Deus é justo, porém, é justificador somente daquele que crê que Jesus é o Cristo. Como é justo, Deus jamais justifica o ímpio.

“De palavras de falsidade te afastarás, e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio.” (Êxodo 23:7).

A justificação só ocorre para aqueles que creem em Deus por intermédio de Cristo.

“Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.” (Romanos 4:5).

 

Queda e morte

Ao desobedecer a Deus, Adão pecou, e como consequência passou à condição de morto para Deus, ou seja, separado, alienado. A morte não foi física, e sim espiritual. A morte física só veio posteriormente, sendo nomeada ‘descer ao pó’.

Ora, para Deus vivem todos os homens: os que estão sobre a terra e os que descem ao pó da terra, o mesmo que se referir a existência do homem. Entretanto, há homens que anda sobre a face da terra ou que desceram ao pó da terra que estão mortos para Deus por estarem separados de Deus por causa da ofensa de Adão, e há aqueles que anda sobre a terra o que desceram a campa fria que estão vivos para Deus, pois voltaram a comunhão por meio da fé em Cristo Jesus.

“Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.” (Lucas 20:38).

Quando pecou, Adão deixou de ter comunhão com Deus e passou a viver como servo do pecado. Na condição de servo do pecado é impossível Deus perdoar o homem, pois o pecador não é seu servo. É um absurdo pensar que um senhor teria autonomia para perdoar um servo alheio.

Embora Deus tenha providenciado vida abundante a todas as famílias da terra, enquanto o homem viver para o pecado Deus nada pode fazer por ele. Daí a necessidade do homem que vive sob a escravidão do pecado morrer, pois só ao morrer será livre.

“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” (Romanos 6:6-7). 

Aos servos do pecado só resta a morte, de modo que aquele que descer ao pó da terra na condição de pecador terá uma eternidade de perdição. De outra banda, há uma saída para o pecador: se o servo do pecado morrer com Cristo estará livre (justificado) do seu senhor, e Deus, por sua maravilhosa graça, concederá nova vida ao pecador que foi morto e sepultado com Cristo, ressuscitando-o com Cristo.

Observe que Adão sem pecado desobedeceu e morreu, e todos os que são gerados dele permanecem na morte. Cristo, o último Adão, sem pecado obedeceu e por isso morreu, e todos os que são gerados d’Ele vivem em novidade de vida.

O curioso é que Adão morreu uma morte espiritual e se separou de Deus, e Cristo, por sua vez, morreu uma morte física e une espiritualmente os que creem com Deus. Todos que são gerados de Adão estão mortos espiritualmente, mas aqueles que crerem em Cristo morrem juntamente com Cristo espiritualmente e ressurgem uma nova criatura, criada segundo Deus e verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:24).

“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2 Coríntios 5:13-14).

Quando a Bíblia diz que Deus perdoa os pecados dos pecados, se faz necessário considerar o processo acima, pois como Ele é justo, resta somente a morte para todos os descendentes de Adão. Mas, como Cristo obedeceu ao Pai, e por isso Deus o ressuscitou dentre os mortos, todos os que obedecem a Cristo crendo no testemunho que o Pai deu do Seu Filho, igualmente são ressuscitados dentre os mortos.

Por isso é dito:

“PORTANTO, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” (Colossenses 3:1);

“E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;” (Efésios 2:6);

“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.” (Colossenses 2:12);

“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” (Romanos 6:4).

Ser ressuscitado com Cristo é o mesmo que ser gerado de novo. É um novo nascimento, uma nova criatura, um novo tempo e uma nova condição diante de Deus!

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17).

Como Deus é justo, Cristo morreu por causa dos pecados da humanidade, e como Deus é justificador dos que creem, Jesus ressurgiu dentre os mortos para que Deus declarasse justos os que são gerados de novo.

“O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.”  (Romanos 4:25).

Observe que há uma grande diferença entre ser justificado e alcançar justificação.

“Porque aquele que está morto está justificado do pecado.” (Romanos 6:6-7). 

Na morte com Cristo o homem está justificado: livre do pecado, e na ressureição com Cristo é declarado justo, ou seja, justificação. Somente após a nova criatura passar a existir é declarada justa, e somente ao morrer a velha criatura se está livre do pecado: justificado.

A palavra ‘perdão’ é utilizada em uma mensagem evangelística, pois auxilia a compreensão do neófito. Entretanto, do ponto de vista teológico, para ocorrer o perdão, o pecador tem que receber a paga da ofensa: a morte!

Depois que o corpo do pecado é desfeito na morte com Cristo, Deus, que tem poder sobre o barro, faz uso da mesma massa que criou vasos para desonra em Adão e, na plenitude dos tempos, cria vasos para honra em Cristo.

“Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1 Pedro 2:24);

“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.”  (Romanos 6:6);

“Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Romanos 9:21).

 

Deus é bom

Outro modo de questionar a história de Adão e Eva é questionando a bondade de Deus. Dizem: – ‘Se Deus é bom, porque não perdoou Adão e Eva?’, e novamente a lógica simplista substitui a razão expressa nas Escrituras.

Quando a Bíblia informa que Deus é bom, não podemos ter em mente que Deus é um ser bonzinho. Esse é um pensamento do homem de hoje, diferente do pensamento do homem da antiguidade que considerava o ser ‘bom’ como veraz, real, verdadeiro.

Deus é bom porque Ele é como deve ser ou como convém que seja: soberano, senhor, distinto, nobre, sublime, magnânimo, etc.

“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” (Êxodo 3:14).

Deus é bom no sentido de ‘nobre’, ideia vincada na raiz etimológica da palavra grega ‘agathos’, que significa ‘alguém que é, que tem realidade, que é real, verdadeiro’, no sentido de ‘verdadeiro enquanto veraz’

Quando questionam se Deus é bom, os opositores da Bíblia geralmente têm em mente uma virtude pessoal, disposição permanente de uma pessoa em não fazer maldade, alguém que é benevolente.

Se soubessem que é Deus, saberiam que Deus é amor e, igualmente, fogo consumidor.

“Porque o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hebreus 12:29).

“Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;” (2 Tessalonicenses 1:8);

“E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas para vós de salvação, e isto de Deus.” (Filipenses 1:28).

O mesmo Deus que exerce misericórdia é o que pune:

“O SENHOR é longânime, e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniquidade dos pais sobre os filhos até à terceira e quarta geração.” (Números 14:18).

Deus escolheu a nação de Israel como povo seu dentre os demais povos, e Ele mesmo estabeleceu a paz nos termos de Israel, e quando se desviaram dos seus mandamentos, Ele trouxe o mal sobre os filhos de Israel.

“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Isaías 45:7).

Não há contradição alguma entre a severidade e a bondade de Deus. Deus é severo e benigno em razão de ser nobre, superior, ou seja, bom, o que exclui qualquer tipo de questionamento humano sobre a bondade de Deus e a punição imposta a Adão e Eva.

“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado” (Romanos 11:22).

“Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável.” (Salmos 18:26).

 

[1] Lopes, Paulo, ‘Por que Deus puniu Adão e Eva antes de eles saberem do mal?’ Artigo disponível na Web < https://www.paulopes.com.br/2012/07/punicao-a-dao-eva.html > Consulta realizada em 07/09/21.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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