Romanos

Romanos 4 – Promessa firme à posteridade

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Os versículos 21 à 31 do capítulo 3, retoma a abordagem que teve início nos versículos 16 e 17 do capítulo 1. Observe que a ideia é una nos versículos seguintes: “Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: O Justo viverá da fé (…) Mas agora se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas. Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos {e sobre todos} os que creem. Não há distinção” ( Rm 1:16 -17 e Rm 3:21 -22).


Romanos 4 – Promessa firme à posteridade

Introdução

Das análises feita à carta de Paulo aos Romanos, verificou-se que, dos capítulos 1, 2 e 3, até o verso 20, o escritor tratou de desfazer a pretensa vantagem dos judeus quanto à salvação. Paulo demonstra argumentativamente, invocando a autoridade das Escrituras Rm 3: 10, que todos os homens estão reféns da condição herdada em Adão “Todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão, e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados” ( Rm 2:12 ).

Este versículo demonstra que todos os homens, judeus e gentios estão condenados. Os gentios perecerão, e os judeus serão julgados quanto às suas obras segundo a lei. Nenhum homem será justificado, pois ninguém consegue viver para Deus por intermédio da lei ( Rm 2:13 ).

Os versículos 21 à 31 do capítulo 3, retoma a abordagem que teve início nos versículos 16 e 17 do capítulo 1. Observe que a ideia é una nos versículos seguintes: “Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: O Justo viverá da fé (…) Mas agora se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas. Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos {e sobre todos} os que creem. Não há distinção” ( Rm 1:16 -17 e Rm 3:21 -22).

No capítulo 4, o apóstolo demonstra por meio de exemplos o que foi exposto anteriormente sobre a justificação pela fé, que consta no capítulo 3, dos versos 21 à 31.

Em linhas gerais, Paulo demonstrou que:

  • Jesus é a justiça de Deus manifesta aos homens ( Rm 3:21 );
  • A justiça de Deus é alcançada pela fé em Jesus ( Rm 3:22 );
  • A salvação de Deus é para todos os homens, visto que todos pecaram ( Rm 3:22 -23);
  • A salvação de Deus livra o homem da condenação (pecado) herdada de Adão, pois em Adão todos pecaram;
  • Os que foram declarados condenados em Adão, por intermédio da redenção em Cristo é declarado justo por graça ( Rm 3:24 );
  • Para que Deus seja Justo e Justificador, Cristo manifesto é a propiciação do pecado (pela fé no seu sangue), remindo os pecadores. Está é a base da justificação em Cristo;
  • Por intermédio da fé, a lei é estabelecida: não há acepção ou distinção entre os homens diante de Deus.

Após a conclusão ( Rm 3:28 ), Paulo passa a demonstrar evidência da justificação pela fé nos pais da nação judaica.

Antes de prosseguirmos, é preciso esclarecermos duas passagens bíblicas:

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” ( Mt 5:20 ).

É sabido que os fariseus eram uma das mais severas seitas do judaísmo e lideravam um movimento para trazer o povo a submeter-se à lei de Deus. Eles eram extremamente legalistas, formalistas e tradicionalistas. Hoje estes termos são utilizados de maneira pejorativa, mas à época de Cristo, era tida por justa a maneira de viver dos fariseus.

Os fariseus eram uma referência moral, de caráter, de ética e comportamento. Aos olhos dos homens eles eram justos “Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” ( Mt 23:28 ).

Qual justiça Jesus estava recomendando aos seus ouvintes? Qual justiça excede a dos fariseus?

Sabemos que Cristo é a justiça de Deus manifesta aos homens. É Ele a Justiça que excede a justiça dos escribas e fariseus.

Esta justiça é imputada por meio da fé em Cristo, e vem do alto ( Rm 10:6 ).

A justiça divina não se vincula a elementos humanos como comportamento, moral, caráter, sacrifícios, religiosidade, etc.

Da mesma forma que para se ter acesso ao reino de Deus é preciso nascer de novo, a justiça que ultrapassa a dos escribas e fariseus também decorre do novo nascimento. Enquanto os fariseus e saduceus não conseguiram ser justificados por intermédio das obras da lei, aqueles que creem em Cristo recebem de Deus poder para serem feitos (criados) filhos de Deus: estes, que são nascidos de semente incorruptível, que é a palavra de Deus, são declarados justo por Deus.

Os fariseus e saduceus jamais seriam justificados por Deus, visto que em Adão já estavam condenados, e as suas obras reprováveis por não serem feitas em Deus ( Jo 3:18 -19). Já a nova criatura, é livre da condenação em Adão, e as suas obras são aceitáveis, pois são feitas em Deus ( Jo 3:21 ).

Livre da condenação em Adão, o homem será julgado no tribunal de Cristo. Já os condenados em Adão, ao comparecerem ante o grande Tribunal do Trono Branco, não será justificado, pois as suas obras são trapos de imundície, e não servem para vestes.

Só a justiça providenciada por Deus, por intermédio de Cristo, excede a dos escribas e fariseus. As obras dos escribas e fariseus eram segundo as suas naturezas herdadas de Adão: obras mortas.

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á” ( Mt 10:32 -39).

Myer Pearlman ao comentar os versículos acima disse:

“Esta é a ideia contida nestes versículos: A comunhão com Cristo pode significar separação daqueles que nos são queridos na terra, mas a recompensa será grande (…) É doloroso o repúdio dos familiares, talvez a mais severa tentação que o convertido possa enfrentar” Pearlman, Myer, Mateus, O evangelho do Grande Rei, Ed. CPAD, 1. ed. Rj, 1995, Pág. 75, V.

Jesus realmente recomendou aos seus ouvintes, e a nós, que abandonássemos os nossos familiares? Como entender estes versículos e conciliá-los com o primeiro mandamento com promessa? “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa” ( Ef 6:2 ).

Como entender que o príncipe da paz não veio trazer paz à terra? O príncipe da paz empunha uma espada? Por que Jesus veio semear dissensão entre o homem e o seu pai? Como interpretar essa passagem?

O apóstolo Paulo é categórico quanto à interpretação “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais” ( 1Co 2:13 ).

A interpretação bíblica não pode ser pautada em sabedoria humana. Ela deve ser estudada através do que o Espírito Santo ensina. Como o Espírito nos ensina? Quando comparamos as coisas espirituais com as espirituais!

Para comparar as coisas espirituais com as espirituais, e ser ensinado pelo Espírito de Deus, devemos nos socorrer da citação bíblica que Cristo faz: “Os inimigos dos homens são os da sua própria casa” ( Mt 10:36 e Mq 7:6 b).

O profeta Miqueias sente pena de si mesmo. Miqueias sente-se faminto pela justiça ( Mq 7:1 ). Por que esta fome e sede? Porque não há homem piedoso sobre a face da terra. Ninguém é reto, pois todos se desviaram em Adão, o homem piedoso que pereceu ( Mq 7:2 ).

As obras dos ímpios e o mal, ou seja, a árvore produz frutos segundo a sua espécie ( Mq 7:3 ). O melhor dos homens é comparado a um espinho, que se dirá do mais reto? ( Mq 7:4 ). Porém, Miqueias visualiza algo maravilhoso: veio do dia dos seus vigias, ou seja, o dia daqueles que esperavam a visitação de Deus! Mas, o dia da visitação do Messias, também é dia de confusão! Quem haveria de entender as parábolas de Cristo? ( Mq 7:4 ).

Na visitação seria semeada a desconfiança ( Mq 7:5 ). O motivo é evidenciado: o filho despreza o pai; a filha é contra a mãe; a nora e a sogra não têm acordo. Por fim, tudo se resume na frase: “Os inimigos do homem são os da sua própria casa”.

Após lermos e interpretarmos estes versículos de Miqueias, passemos ao Novo Testamento.

Quando Jesus cita o pequeno trecho de Miqueias, ele estava anunciando ao povo que a profecia estava se cumprindo ao seus ouvidos. Jesus estava anunciando que ele era o Messias esperado por muitos, e que havia chegado o dia da visitação.

O texto de Miqueias é claro: O Messias não haveria de trazer paz, mas confusão e dissensão ( Mq 7:5 -6). Por quê? A mensagem do evangelho demonstra que os injustos vivem para si, e não para Deus. A condição de injustiça dos homens teve origem em Adão, e não em suas ações, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

Jesus veio por causa dos injustos, ou melhor, daqueles que tem fome e sede de justiça ( Mq 7:1 ). Destes elementos decorre que: Deus jamais haveria de estabelecer comunhão com os filhos da ira, por isso, Cristo não trouxe paz aos homens que habitam a terra. Ele trouxe a espada, que representa morte e justiça. Os ímpios só podem ter contato com a espada, e não com a paz de Cristo.

Ao trazer a espada (justiça e morte) àqueles que têm sede e fome de justiça, Cristo estabelece a dissensão entre os seus familiares. Como? O homem está condenado diante de Deus por causa da filiação de Adão. Os judeus consideravam salvos por serem descendentes de Abraão. Jesus propõe aos seus ouvintes que se desvinculem de seus familiares, ou seja, das suas origens em Adão e da ideia de que eram descendência de Abraão para que se tornasse possível receberem a Cristo.

Da mesma forma que Abraão saiu do meio de sua parentela por fé, só é possível o homem abandonar pai, mãe, irmão e irmã por meio da mesma fé que teve o pai Abraão. Somente desta forma é possível adquirir a filiação divina.

Para ir após Cristo, somente tomando a cruz. Não há como seguir após Cristo até Deus, sem antes o homem ter um encontro com a cruz de Cristo. Na cruz de Cristo o homem corta toda e qualquer relação que tinha antes com o pecado de Adão, ou com a ideia de que é filho de Deus por intermédio da descendência de Adão.

A cruz de Cristo é a espada que traspassa o velho homem que teve origem em Adão. Somente após ter um encontro com Cristo, o homem terá a sua fome e sede de justiça saciadas. Este perde a sua vida terrena, e adquire de Deus uma nova vida, achando-a. É vida abundante!

Aqueles que encontram a nova vida que há em Deus, são aceitos por filhos de Deus e declarados justos.

Isto posto, fica demonstrado que em momento algum Jesus disse para abandonarmos os nossos genitores ou parentes à própria sorte. Antes, Jesus recomenda aos seus ouvintes a honrar pai e mãe, e este é um dos mandamentos de Deus “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus” ( Mt 15:6).

 

1 QUE diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?

Esta pergunta de Paulo é totalmente pertinente às questões da salvação em Deus. Os judaizantes alegavam ser salvos por descenderem de Abraão, e isto implicaria em dizer que, Abraão também recebeu algo decorrente de seus pais. O que Abraão alcançou segundo a sua descendência? Nada. Além do mais, ele era descendente de gentios, que por sua vez não tinham o sinal da circuncisão na carne.

Se Abraão tivesse alcançado a justificação segundo a carne (descendência), seria correto afirmar que era possível receber a salvação por ser descendência de Abraão.

 

2 Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.

Da mesma forma, caso Abraão pudesse produzir algo (obras) que o justificasse, teria elementos para gloriar-se (jactância), o que era feito pelos judeus ( Rm 3:10 e 27). Abraão poderia considerar ser melhor, ou que tinha alguma vantagem quanto à salvação.

Estas considerações decorrente das obras não permite que homem algum se glorie perante Deus. Todos eles somente se gloriam diante de seus semelhantes, e este era o caso dos judeus.

 

3 Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

Paulo deixa a sua argumentação de lado e se apóia na autoridade das Escrituras “Creu Abrão no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” ( Gn 15:6 ). Paulo demonstra através dos textos sagrados que a fé sempre esteve em pauta, quando se faz referência a salvação que procede de Deus.

 

4 Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.

Paulo constrói uma nova argumentação: o salário é uma dívida do empregador para com quem trabalha. Não é uma relação segundo a graça, e sim, decorre de dívida. Se a justificação fosse segundo o que os judaizantes anunciavam, Deus teria uma dívida para com Abraão, e não o contrário. Abraão seria credor na relação acima.

 

5 Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.

Em contra partida, qualquer um que não pratica as coisas da lei (este foi o caso de Abraão), mas crê em Deus que pode justificar ‘o ímpio’, a fé do crente é imputada por Deus como justiça. Observe que Paulo faz referência a justificação em uma abordagem evangelística, e não teológica.

Na linguagem evangelística é válido argumentos tais como: Deus salva o pecador; Deus justifica o ímpio; Deus perdoa os pecados; etc. Por que é válida esta argumentação? Porque na evangelização é quase impossível utilizar a linguagem teológica acerca da salvação em Cristo.

Observe a frase segundo a visão teológica: “…mas crê naquele que justifica o ímpio…”. Ao analisá-la seguindo a ideia do verso seguinte: “Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração” ( Ex 34:7 ), percebe-se que Deus é justificador, visto que é ele quem perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado. Porém, de modo algum, ele terá o culpado por inocente, ou seja, ele não justifica o ímpio.

De modo que, quando Paulo diz que ‘mas crê naquele que justifica’, aquele que crê já deixou a condição de ímpio, segundo uma consideração teológica. Quem crê, deixa a condição de ímpio, e passa a condição de justo. Da mesma forma, o pecador que crê, deixa a condição de escravo e passa a condição de servo da justiça. Ou seja, se transformamos estas abordagem em uma linguagem teológica, temos o pecador como sendo ‘velho homem’. Falamos evangelisticamente que Deus salva o pecador, porém, teologicamente, é impossível dizer que Deus salva o velho homem ou a velha criatura (o pecador em seu estado original).

Evangelisticamente diremos que Deus justifica o ímpio, teologicamente sabemos que jamais Deus justificará o ímpio “De palavras de falsidade te afastarás, e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio” ( Ex 23:7 ). Para conciliar estas duas linguagens, percebe-se que aquele que é pecador, e crê naquele que justifica, nasce de novo (nova criatura) deixando a condição de ímpio na sepultura, e consequentemente, Deus o declarará justo diante dele.

Quando Paulo disse que Deus justifica o ímpio, perceba que este ‘ímpio’ primeiramente creu naquele que não justifica o ímpio, e a sua fé é imputada como justiça. O ex-ímpio passa a condição de justo por meio da fé, sendo portanto, declarado justo, por ter sido de novo criado, em verdadeira justiça e santidade.

“Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” ( Mt 15:13 ).

Qual é a planta que o Pai não plantou? Sobre o que Jesus estava falando? A planta que o Pai não plantou refere-se ao homem nascido de Adão! Mas, como chegar a esta conclusão?

Observe que os escribas e fariseus questionaram Jesus sobre os motivos que levava seus discípulos transgredirem as tradições dos anciões ( Mt 15:1 ). Jesus demonstra que o que seus discípulos estavam deixando de fazer (lavar as mãos antes das refeições), não era nada comparado às transgressões deles ao seguirem as tradições dos anciões: invalidavam a lei de Deus (v. 3).

Deus deu a eles uma ordem clara: “Honra teu pai e a tua mãe, e quem maldisser a seu pai ou a sua mãe certamente será morto” (v. 4), porém, invalidavam a lei de Deus ao instituírem o Corbã ( Mc 7:11 ).

Jesus expõe a hipocrisia dos seus interlocutores ao fazer referência ao que foi profetizado por Isaías: “Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” ( Is 29:13 ). Os escribas e fariseus adoravam a Deus em vão!

E após convocar a multidão, disse-lhes: “Ouvi, e entendei: o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isto sim é o que contamina o homem” ( Mt 15:10 -11).

Enquanto os escribas e fariseus estavam preocupados com o lavar de mãos, Jesus demonstra que a verdadeira contaminação do homem procede do coração. Por que? Como?

A Bíblia demonstra que a queda de Adão deixou o homem debaixo de condenação. A humanidade em Adão passou à condição de culpáveis e condenáveis diante de Deus. Todos os homens quando vem ao mundo são formados em iniquidade, e em pecado são concebidos.A humanidade nasce de uma semente corruptível e em inimizade com Deus, por causa da natureza que possuem.

A Bíblia classifica a natureza decaída do homem de filhos das trevas, mentira, filhos da ira, filhos da desobediência, filhos do diabo, etc.

Enquanto os homens se preocupam com comportamento, moral e caráter, o mal reside em sua própria natureza, procede do coração.

Os discípulos não entenderam a abordagem de Jesus, e ele lhes disse: “Toda planta que o Pai não plantou, será arrancada”, ou seja, todos quantos não nasceram da semente incorruptível que é a palavra de Deus, estes não permanecerão.

A planta plantada pelo Pai germina de uma semente incorruptível, que é a palavra de Deus. Os homens que vêm ao mundo nascem de uma semente corruptível, pois nascem da vontade da carne, da vontade do varão e do sangue ( Jo 1:13 ). Aqueles que creem são de novo gerados, da semente incorruptível, pela vontade e palavra de Deus ( Jo 1:12 ; 1Pe 1:3 e 23).

Desde a entrega da lei ao povo de Israel, Moisés insistia: “Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” ( Dt 10:16 ), pois era lá que estava o que contamina o homem: a natureza condenada e herdada em Adão.

Os escribas e fariseus nunca circuncidaram os corações, e por isso, não eram plantas que o Pai plantou. Eram cegos, ou seja, permaneciam na escuridão apesar de estar presente a luz de Deus que ilumina os homens.

Honravam a Deus com os lábios, mas os corações não foram circuncidados. Continuavam de posse da natureza (morte) herdada de Adão. A adoração dos escribas e fariseus era em vão, e a doutrina deles resumia-se em preceitos de homens.

A doutrina dos escribas e fariseus não operava a circuncisão do coração, onde o homem se desfaz da velha natureza herdada em Adão. Continuavam de posse de um coração que procede todo tipo de mau.

Cristo é a semente de Deus dada aos homens que promove o novo nascimento. É dele que o homem precisa se alimentar para ter a vida que procede de Deus. Aquele que nasce segundo a vontade de Deus e por meio da palavra de Deus, que é Cristo, é a planta que o Pai plantou.

 

6 Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:

O apóstolo demonstra que o salmista Davi também profetizou a bem-aventurança decorrente da fé. Deus justifica o homem sem as obras da lei, ou seja, Ele galardoa o homem segundo a graça.

7 Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. 8 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.

Sobre a bem-aventurança, leia o comentário ao “Salmo Primeiro” e o texto “A Bem-aventurança“.

As maldades são perdoadas por Deus, ou seja, não serão levadas em conta. Já os pecados, precisam ser cobertos, enterrados. O homem que teve os pecados cobertos e as maldades perdoadas, não terá imputado o pecado, e sim a justiça divina.

Observe que Davi demonstra o favor de Deus aos homens, e não o serviço dos homens a Deus. Pelas obras da lei, ou serviço, jamais os homens serão justificados.

A maldade faz referência ao fruto da árvore má, ou seja, aquilo que a árvore não plantada por Deus produz ( Mt 15:13 ). Esta maldade é perdoada, ou seja, lançada no mar do esquecimento.

Quanto ao pecado, refere-se a natureza pecaminosa do homem herdada em Adão. Por ter sido formado em iniquidade e concebido em pecado ( Sl 51:5 ), todos os homens quando nascidos segundo à carne, são árvores não plantadas por Deus. Estas árvores devem ser arrancadas, a sua natureza pecaminosa precisa ser ‘coberta’ ( Rm 4:7 ).

Somente após ter um encontro com a cruz de Cristo, e ser sepultado com Ele, é que o homem tem o seu pecado, ou seja, a sua herança em Adão ‘coberta’.

 

9 Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.

A bem-aventurança de ter os pecados encobertos e as maldades perdoadas somente é possível aos judeus? Os gentios não podem ser participantes desta bem-aventurança em Deus? Se os leitores declarassem que sim, estariam dizendo que Deus faz acepção de pessoas.

Se alguém dentre os cristãos romanos declarassem que a bem-aventurança é restrita aos judeus, Paulo contra argumenta: “Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão”, ou seja, por que dizemos que Abrão foi justificado por meio da fé, se para os judaizantes a justificação decorre de laços consanguíneos?

Dizer o que as Escrituras expõe é uma coisa, vivenciar é outra. Os judaizantes citavam as escrituras, porém, não viviam as Escrituras por causa de suas tradições. Liam na Escritura que Abraão foi justificado pela fé, porém, sustentavam que eram justos por descenderem de Abraão.

 

10 Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.

Qual a condição de Abraão quando lhe foi imputada a justiça que decorre da fé? Abraão era incircunciso, ou melhor, um gentio. Paulo faz a pergunta e responde em seguida: Abraão estava na incircuncisão!

 

11 E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada;

Paulo demonstra que Abraão recebeu o sinal da circuncisão como um selo da justiça recebida por meio da fé. Ele recebeu este sinal quando incircunciso, demonstrando que ele se tornaria pai de todos aqueles que pela fé creem em Deus.

Abraão é pai tanto dos gentios quanto dos judeus que tiverem a mesma fé que ele teve em Deus. Os judeus tinham Abraão por pai, e pensavam que a filiação divina decorria do fato de eles serem descendentes de Abraão. Paulo demonstra que a fé é o elo de ligação entre Deus e os seus filhos.

Deus não faz acepção de pessoas. Ele justificou a Abraão por meio da fé, e justifica todos quantos se achegarem a Ele por meio da fé.

 

12 E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão.

O que Abraão recebeu na incircuncisão por meio da fé o torna pai dos incircuncisos que creem, e dos circuncisos que também creem. Observe que Abraão não é pai daqueles que foram circuncidados, e sim, pai dos que seguirem as suas pisadas: a fé!

 

13 Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.

Quando Abraão recebeu a promessa de Deus, a lei não existia. A promessa de Deus exigiu dele um exercício de fé, e não obras decorrente de uma lei.

Outro aspecto que Paulo destaca é que a promessa de que Abraão haveria de ser herdeiro do mundo, não diz especificamente da pessoa de Abraão, e sim, de sua posteridade, que é Cristo.

 

14 Porque, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada. 15 Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.

Paulo apresenta três argumentos em defesa da abordagem anterior:

1º – Se os judeus são os herdeiros segundo o que estipula a lei, segue-se que crer em Deus não é o que justifica, e que o que foi prometido a Abraão nunca existiu, pois a promessa foi feita quando ele ainda estava na incircuncisão. Ora, se Deus prometeu, e jurou sobre a sua palavra, resta a quem recebeu a proposta crer (descansar).

2º – A lei opera a ira, pois ela somente apresenta punição aos transgressores, sem qualquer promessa. Quem não praticar a lei é considerado transgressor e réu de juízo ( Mt 5:21 ).

3º – Enquanto os judaizantes se escudavam na ideia de que seriam declarados justos por Deus por que tinham uma lei, Paulo demonstra que a função da lei é somente demonstrar que os homens são reprováveis.

Os versículos seguintes demonstram a conclusão de Paulo sobre as obras da lei e a graça.

 

A Teologia da Libertação

A abordagem teológica da ‘Teologia da Libertação’ é uma variante do pensamento da Igreja Católica Romana. Vejamos o que um dos seus teólogos diz:

“A religião verdadeira, portanto, nasce dos pobres e dos fracos. São eles que podem, a partir da sua experiência, ensinar quem é Deus e o que ele quer. São eles que penetram a sua sabedoria e o seu projeto (Mt 11, 25- 26). Foi da experiência dos pobres que nasceu a religião de Javé, o Deus que liberta da exploração e da opressão e dá a liberdade e a vida” Storniolo, Ivo, Como ler o Livro de Jó, Série como ler a Bíblia, ed. Edições Paulinas.

Por isso é espantoso a abordagem seguinte de um Pr. evangélico:

“Encontramos o Senhor nos necessitados, solitários, frustrados, oprimidos, enfermos e perturbados. Paulo nos ensina estas grandes verdades em Colossenses 3. 23, 24” Pr. Valdinei Fernandes Gomes da Silva, comentarista da revista Jovens e Adultos, revista dominical para Professor, Epístola de Judas, ed. Betel – 3º Trimestre de 2007, ano 18, nº 64, Pág 07.

É no mínimo estranho que seguimentos do meio evangélico esteja entrando pelo mesmo caminho que até pouco tempo protestavam ser errôneo.

O que disse Paulo aos Colossenses? “E, tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens…” ( Cl 3:23 ), ou seja, este versículo não apóia a argumentação de que encontramos o Senhor nos desprovidos de bens materiais desta vida.

Paulo estava instruindo os servos (escravos) que se converteram a Cristo a permanecerem desempenhando o seu serviço aos seus senhores, embora fossem livres em Cristo ( Cl 3:22 ). A mensagem de Paulo demonstra aos seus ouvintes que, em Cristo não há diferenças sociais, ou seja, todos são filhos de Deus pela fé em Cristo “Desta forma não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho ou fêmea, pois todos vós sois um em Cristo” ( Gl 3:28 ).

Porém, a mensagem do evangelho poderia ser mal interpretada, e Paulo alerta aos cristãos que eram escravos a submeterem-se aos seus senhores. Embora não haja distinção entre os homens na igreja de Deus, na sociedade existem diferenças. À época de Paulo havia uma distinção nítida entre servos e livres, gregos e judeus, e enquanto os cristãos estivessem convivendo em sociedade, estas diferenças deveriam e devem ser observadas.

Todos cristãos devem se portar de forma que não deem escândalos nem a gregos, nem a judeus e nem a igreja de Deus ( 1Co 10:32 ). O evangelho não é causa de revoltas ou transformações sociais, embora tenha influenciado as relações sociais no transcorrer dos séculos. A abordagem de Paulo aos Colossenses deve ser vista sob a ótica do versículo seguinte: “Assim cada um ande como Deus lhe repartiu, cada um como o Senhor o chamou. É o que ordeno em todas a igreja (…) Cada um permaneça na situação em que estava quando foi chamado” ( 1Co 7:17 -24).

A citações de Mateus 25: 31- 46 também não dá sustentação à ideia de que encontramos o Senhor nos perturbados e frustrados.

O que Jesus ensinou em particular aos discípulos sobre o monte das Oliveiras tem a ver com o julgamento das nações, e não com os pobres deste mundo.

Observe que Jesus virá em glória com os seus santos anjos para se assentar sobre um trono de glória. Ele reunirá todas as nações diante dele, e fará uma seleção como o pastor faz entre bodes e ovelhas ( Mt 25:31-32).

Jesus, na sua vinda em glória assumirá a posição de Rei, pois esta será a palavra do Rei: “Vinde, benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos esta preparado desde a fundação do mundo” ( Mt 25:34 ).

A base do julgamento das nações que serão reunidas diante do Rei será o tratamento que dispensaram aos Seus pequeninos irmãos ( Mt 25:40 ). O julgamento daqueles que não entrarão no reino eterno se dará pela omissão “Em verdade vos digo que, todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” ( Mt 25:45 ).

Resta a pergunta: encontramos o Senhor nos pobres deste mundo, ou através da revelação do evangelho?

O alerta de Paulo permanece:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” ( Gl 1:8 )

 

16 Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós,

Os argumentos apresentados por Paulo em defesa da justificação pela fé, desde o verso 1 ao verso 15 deste capítulo, é concluído a partir deste versículo: “Portanto, é pela fé…” (v. 16).

Na conclusão Paulo apresenta o propósito de a justificação ser somente alcançada pela fé, e não pelas obras da lei:

1º) A justificação é pela fé, para que seja segundo a graça, ou seja, se fosse possível aos homens executar as obras da lei, a justificação seria:

A) uma dívida de Deus para com os homens ( Rm 4:4 ), o que é inadmissível, e;
B) impossível de ser alcançada, visto que a natureza da lei difere da natureza dos homens ( Rm 7:14 );

2º) A justificação é pela fé para que a promessa seja firme a toda posteridade de Abraão. Quando a Escritura (V. T.) diz que a promessa é para a posteridade, ela estava incluindo todos os que cressem. A promessa é para todos que tenham a mesma fé que teve o pai Abraão, que é pai daqueles que tem fé em Deus.

3º) A justificação é pela fé por causa da fidelidade de Deus que não faz acepção de pessoas. Todos quantos têm a mesma fé que teve o crente Abraão (judeus e gentios), são justificados. Como a Bíblia dá testemunho de que Deus justificou Abraão pela fé, todos quantos tem fé em Deus por meio de Jesus, também são justificados.

A promessa de Deus é firme, pois centra-se em seu poder e fidelidade. Ela foi firme a Abraão, visto que Abraão nada fez, e Deus lhe concedeu a promessa. Abraão nem mesmo havia saído do meio de sua parentela, e a promessa já tinha sido estabelecida ( Gn 12:2 -3).

Primeiro veio a promessa de Deus, e logo após, Abraão saiu de sua parentela. Observe que não há como ter fé, sem antes ter uma promessa. Deus prometeu uma descendência a Abraão impossível de contar, como é o caso das estrelas no céu, e mesmo sendo a sua mulher estéril, ele creu. A fé só é possível após a promessa ( Gn 15:6 )!

A justificação é pela fé, pois se fundamenta no poder de Deus (Evangelho), unicamente Deus é poderoso para justificar o homem ( Mc 2:10 ). Muitos consideram que a justificação é mediante um ato judicial de Deus, porém, a Bíblia nos demonstra que ela é uma ato de poder “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem poder para perdoar pecados (disse ao paralítico): A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa” ( Mc 2:10 -11).

 

17 (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.

Paulo demonstra que a colocação de que Abraão é ‘pai de todos nós’ é segundo o que foi predito na Escritura (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí).

Como Abraão é pai de muitas nações, e foi Deus que o constituiu por pai, a promessa feita a Abraão é firme a toda à sua descendência. A Promessa é firme, e foi em Deus que Abraão creu, ou seja, ele creu naquele que dá vida aos mortos; Deus chama a existência as coisas que não são como se já existissem, ou seja, quando se crê em Deus que prometeu, se crê em Deus, e não naquilo que foi prometido. Pois muitas das vezes, o que foi prometido ainda não existe, mas Deus é poderoso para trazer a existência o que prometeu. Isto é crer contra a esperança!

 

18 O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.

A fé de Abraão estava em Deus que prometeu (em esperança), que a sua crença não levou em conta o fato de ter que sacrificar o seu único filho, de onde seria proveniente a sua descendência (creu contra a esperança). A primeira esperança refere-se a confiança na promessa de Deus, e a segunda esperança diz de Isaque, a esperança de descendência.

Não há como negar a fé de Abraão, visto que ele se tornou pai de muitas nações. A fé de Abraão é evidente, pois Deus fez a ele conforme foi dito: Assim será a tua descendência!

 

19 E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.

Haviam alguns elementos na vida de Abraão que poderia levá-lo a fraquejar na fé.

Abraão não se fixou em seu corpo, já amortecido, e tampouco no amortecimento do ventre de sua mulher. Abraão e sua mulher constituíam de per si impedimentos por demais à esperança do patriarca, o que poderia influenciar a sua fé.

 

20 E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus,

A incredulidade surge depois que o homem tomou conhecimento da promessa e a rejeita. Não há como ser incrédulo antes de ser cientificado da promessa.

Abraão não duvidou, antes foi fortificado na fé! O que quer dizer ser fortificado na fé? Não olhar para as impossibilidades humanas, e sim, para o poder de Deus “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” ( Ef 6:10 ).

Um exemplo claro do que é ser fortificado na fé é descrito nos versos seguintes: “Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; E qual a sobre excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus” ( Ef 1:18 -20).

Após os cristãos serem inteirados sobre a esperança da vocação, quais as riquezas da herança de Deus nos santos e a grandeza do poder que operou sobre os cristãos, tudo por ter crido em Cristo. Se restar alguma dúvida, o cristão deve olhar para o Cristo ressurreto, pois o mesmo poder que foi manifesto em Cristo para ressurreição, opera agora sobre o cristão para a salvação.

Quando o cristão crê em Deus, Deus opera o prometido. O resultado daquilo que Deus realiza se constituí em glória ao seu poder e glória “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo” ( Ef 1:11 -12). Aquele que espera em Cristo, permite que Deus faça todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade em sua vida e passa a se constituir em louvor de sua glória.

 

21 E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.

Estar certíssimo de que Deus é poderoso para realizar é o estar fortalecido na fé.

 

22 Assim isso lhe foi também imputado como justiça.

A fé que Abraão exerceu em Deus tinha em vista o prometido: ser pai de muitas nações. Porém, diante da certeza de Abraão (fortificado na fé), a fé que era para ser pai das nações também serviu-lhe para justificação, ou seja, lhe foi também imputado como justiça.

Se a fé de Abraão alcançou a condição de pai de muitas nações, esta mesma fé é base para a salvação. Caso Deus houvesse somente prometido salvação, a fé de Abraão em alcançar ser pai de muitas nações era suficiente para Deus salvá-lo.

Observe que, quando o homem crê em Jesus, Ele concede o que a fé alcançou e o perdão dos pecados ( Mt 8:1 -9).

 

23 Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta,

O versículo que consta do livro de Gênesis: “Creu Abrão no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” ( Gn 15:6 ), não está registrado simplesmente para relatar o que aconteceu com Abrão, visto que, o fato de ele ter crido em Deus é algo pessoal. Antes, foi registrado que a justificação de Abrão foi pela fé, por causa de todos que creem em Deus que ressuscitou a Cristo.

 

24 Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor;

Os cristão creem em Deus que ressuscitou a Cristo dentre os mortos, e são justificados pela fé tal qual foi o pai Abraão. O que a Escritura diz acerca de Abraão, foi registrado para que os cristãos se informassem deste importante evento com os patriarcas, e que agora, em Cristo, o descendente, tornaram-se participantes.

 

25 O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.

Por causa do pecado da humanidade Jesus foi entregue, para que todos os que creem n’Ele se conformem com Ele na morte. A sentença que diz: “A alma que pecar, esta mesmo morrerá”, ou “O culpado não será tido por inocente” é cumprida quando os que creem tomam cada uma a sua cruz, e seguem após Cristo.

Estes são mortos e sepultados a semelhança de Cristo ( Rm 6:3 e 8).

Porém, Jesus ressurgiu para a justificação daqueles que creem. Como o cristão morre com Cristo, ele também ressurge com Cristo dentre os mortos, para glória de Deus Pai. Este novo homem criado em Cristo é declarado justo pelo poder de Deus ( Cl 3:1 ). Esta é a base da justificação: o poder de Deus manifesto em Cristo e naqueles que creem ( Ef 1:19 -20).

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

One thought on “Romanos 4 – Promessa firme à posteridade

  • Estou aprendendo muito com os artigos. Que Deus te abençoe amado irmão e que a Glória do Senhor transborde cada vez mais.

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