Interpretação bíblica

A luta entre a carne e o espírito

A luta carne versus espírito

Não há  uma luta no interior do homem entre a ‘carne’ e o ‘espírito’ ou, entre a ‘alma’ e o ‘espírito’! As necessidades do corpo físico e os anseios da alma são próprios à humanidade e não possuem relação com a oposição ‘carne’ versus ‘espírito’ apresentada na Bíblia.

“Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível.” (Hebreus 7.16)

Introdução

É comum, em nossos dias, ouvirmos nos púlpitos cristãos que, no interior de cada cristão, há uma luta entre a ‘carne’ e o ‘espírito’. Embora citem passagens das cartas do apóstolo Paulo para falar de uma luta entre a ‘carne’ e o ‘espírito’, o pensamento que os pregadores reproduzem, na verdade, é conforme a filosofia de Platão, um filósofo grego que viveu em Atenas, em 348 a 347 a.C., e não segundo a Bíblia

Platão, patrono da doutrina espírita, representa, em seu diálogo Fedro, o homem como cocheiro de um carro conduzindo uma parelha de cavalos:

“Com efeito, todos os corpos movidos por um agente exterior são inanimados, enquanto o corpo movido de dentro é animado, pois que ele é o movimento e natureza da alma. O que se move a si mesmo não pode ser outra coisa senão a alma, logo a alma é simultaneamente incriada e imortal. (…) a alma pode comparar-se a não sei que força activa e natural que unisse um carro a uma parelha de cavalos alados conduzidos por um cocheiro. Os cavalos dos deuses são de boa raça, mas os dos outros seres são mestiços. Quanto a nós, somos os cocheiros de uma atrelagem puxada por dois cavalos, sendo um belo e bom, de boa raça, e o outro precisamente o contrário, de natureza oposta, de onde vem a dificuldade de conduzirmos o nosso próprio carro.” – Cf. Platão, Fedro, Lisboa, Guimarães Editores, 1994, 5ª ed., ps. 58-59. (grifo nosso).

Agostinho, por sua vez, reproduziu esse pensamento em suas confissões:

“[…] da lodosa concupiscência da minha carne e do borbulhar da juventude, exalavam-se vapores que me enevoavam e ofuscavam o coração, a ponto de não se distinguir o amor sereno do prazer tenebroso.” (AGOSTINHO, 2010, p. 36 [II, 2]).

“O inimigo [ou seja, o demônio] dominava o meu querer e dele me forjava uma cadeia com que me apertava. […]. Assim, duas vontades, uma concupiscente […] e outra espiritual, batalhavam mutuamente em mim. Discordando, dilaceravam-me a alma(AGOSTINHO, 2010, p. 113 [VIII, 5]). (grifo nosso).

Billy Graham, em seu livro ‘O poder do Espírito Santo’, através da parábola dos dois cachorros, ilustrou o que chamava de ‘luta da carne contra o espírito’, abordagem semelhante à de Platão:

“Um pescador esquimó vinha, a cada sábado, à tarde, à cidade. Sempre trazia consigo seus dois cachorros, um branco e um preto. Ele os tinha ensinado a lutar, quando ele ordenasse. Cada sábado, na praça da cidade, o povo se ajuntava e o pescador fazia apostas, enquanto os dois cachorros brigavam. Às vezes ganhava o cachorro branco, às vezes, o preto, mas o pescador sempre ganhava as apostas! Seus amigos começaram a lhe perguntar como ele fazia isso. Ele disse: – Deixo um passar fome durante a semana e só dou comida para o que eu quero que ganhe. O cachorro que está bem alimentado ganha, porque está mais forte.”

É comum os pregadores dizerem que, em todos os homens, a carne luta contra o espírito, mas, que no cristão, esta luta é mais renhida e acentuada, pois o verdadeiro crente reluta em não satisfazer os desejos do seu corpo.

Seria esse o posicionamento das Escrituras, fazer com que os homens reneguem os seus desejos?

 

‘Viver na carne’ versus ‘viver no espírito’

O que entender dos versos seguintes:

“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis” (Gálatas 5.16-17).

“Porque os que são segundo a carne, inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Romanos 8.5).

A luta que o apóstolo Paulo apresenta e descreve nesses versos não é a mesma luta que Platão, Agostinho e Billy Graham descreveram. Definitivamente, não! O apóstolo está contrapondo a lei do mandamento carnal com a lei do mandamento espiritual!

“Que não foi feito, segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível” (Hebreus 7.16).

O poder da vida incorruptível advém do evangelho, que é espírito vivificante, diferentemente, da lei do mandamento carnal, que é fraco e inútil, que sujeita os que pertencem à carne. (Hebreus 7.18)

A lei do mandamento carnal diz das muitas ordenanças segundo a lei, como: ‘não toques, não proves, não manuseies’. Diz dos preceitos e doutrinas dos homens que se impõe aos incautos com aparência de sabedoria, devoção, humildade, disciplina do corpo, etc., mas, que não são de valor algum, diante de Deus.

“Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão, nem a incircuncisão, tem valor algum; mas, sim, a fé que opera pelo amor” (Gálatas 5.6).

A fé que opera pelo amor é o poder da vida incorruptível, diz da verdade do evangelho (fé), que é poder de Deus para salvação dos que creem, de modo que através da fé, o poder de Deus, se efetua a salvação pela obediência (amor), ou seja, a obediência da fé!

“Mas, que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé (Romanos 16.26).

A satisfação da carne se dá por obediência a preceitos e doutrinas dos homens, diferentemente, da satisfação do espírito, que se dá em obediência ao evangelho: o mandamento de Deus.

Ao dizer que a carne inclina-se para as coisas da carne, o apóstolo Paulo está citando as Escrituras, como se lê no Livro de Provérbios:

“Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras; Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus; Porque a sua casa se inclina para a morte e as suas veredas para os mortos” (Provérbios 2.16-18).

A mulher estranha é uma figura que remete a casa de Israel. Ao alertar os simples acerca das prostituições dos filhos de Israel, os profetas faziam uso de figuras, de modo que a ‘casa’ da mulher adúltera, os descendentes de Jacó, se inclina para a morte! Quem é essa mulher adúltera? A mulher é descrita como aquela que deixou o guia da sua mocidade e se esqueceu da aliança de seu Deus, ou seja, a mulher adúltera é uma alegoria para fazer referência aos filhos de Israel, cuja casa (descendência) inclina-se para a morte!

Israel é a nação que deixou o guia da sua mocidade e se esqueceu da aliança de seu Deus, portanto, em Provérbios, Israel é a mulher adúltera.

“E, engordando-se Jesurum, deu coices (engordaste-te, engrossaste-te e de gordura te cobriste) e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação” (Deuteronômio 32.15);

“Como, vendo isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses; quando os fartei, então adulteraram e, em casa de meretrizes, se ajuntaram em bandos” (Jeremias 5.7);

“Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do SENHOR” (Ezequiel 16.35).

‘Casa’ é outra figura, que, por sua vez, remete à linhagem, à descendência. A descendência, a linhagem de Israel, inclina-se para morte, pois não são filhos de Deus. Os filhos de Deus são gerados segundo a promessa do Descendente prometido a Abraão, e os filhos da carne são gerados segundo a carne de Abraão, como se deu com Ismael.

Se os descendentes de Abraão nascidos segundo a carne de Abraão e Isaque fossem filhos de Deus, a palavra da promessa não teria sido dada a Rebeca, que diz: “O maior servirá o menor”.

“Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor.” (Romanos 9.9-12).

A casa de Israel achavam que eram a descendência de Abraão por causa da promessa de que Sara teria um filho, Isaque, e se esqueceram que ao disciplinar a linhagem do descendente prometido, foi dada nova palavra à mulher de Isaque, Rebeca, demonstrando que a promessa ainda estava por se cumprida.

É por isso que Deus protesta contra Israel, dizendo:

“Corromperam-se contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida é” (Deuteronômio 32.4).

O termo ‘carne’, quando empregado nos versos acima, pelo apóstolo Paulo, não tem o sentido de corpo físico, antes, indica a origem dos filhos de Israel, que é igual aos demais homens: que existem (são) segundo a carne (Romanos 8.5). Quem são (existem) os segundo a carne? Os nascidos do sangue, da vontade da carne e da vontade do varão!

“Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus” (João 1.13).

Todos os homens, quando vêm à existência, entram no mundo, através do sangue, da vontade da carne e da vontade do varão, e os judeus não são exceção. No entanto, por causa da promessa feita a Abraão: ‘Em ti serão benditas todas as famílias da terra’, e ‘Por este tempo virei, e Sara terá um filho’, os filhos de Israel entenderam que a promessa fazia referência somente a eles, o que, na verdade, não era (Romanos 4.13).

A promessa foi feita a Abraão e ao seu Descendente, que é Cristo, não aos muitos descendentes de Abraão (Gálatas 3.16). Embora, os filhos de Israel fossem descendência de Abraão, não eram seus filhos, porque não são os filhos da carne que são contados como filhos de Abraão, mas, sim, os filhos da promessa (Romanos 9.7-8).

Deus havia prometido a Abraão que, ’em Isaque seria chamada a sua descendência’ (Romanos 9.7), e não que Isaque já era a descendência. O Descendente de Abraão veio pela linhagem de Isaque, e não de Ismael, que nasceu segundo a carne. Como em Isaque seria chamado o Descendente, novamente a palavra da promessa foi dada a Rebeca: ‘O maior servirá ao menor’, dando a entender que a promessa do Descendente ainda estava para se cumprir (Romanos 9.12).

Com a vinda de Cristo, conforme as palavras dos profetas (Atos 10.43; Romanos 3.21), todos quantos crerem n’Ele são de novo gerados, segundo o espírito. Os que são gerados do espírito são espirituais (João 3.5-6), nascidos de novo pela palavra de Cristo, a semente incorruptível (1 Pedro 1.23), que é espírito e vida (João 6.63).

Os nascidos segundo a carne são carnais (João 3.6), não importando se judeus ou gentios, todos se inclinam para a morte, pois todos, juntamente, se desviaram e se tornaram imundos em Adão (Salmos 53.3). A diferença entre os gentios e os judeus está no fato de que estes fizeram da carne (de Abraão) o seu braço e se esqueceram de Deus (Jeremias 17:5), enquanto aqueles sempre estiveram sem esperança e sem Deus no mundo (Efésios 2.12).

O termo carne, além de indicar a origem de todos os homens em Adão (Deuteronômio 32.2; Isaías 40.5-6; Lucas 3.6), passou a ser utilizada para designar os descendentes da carne de Abraão, especificamente, pela confiança que depositavam no sinal da circuncisão dada a Abraão, e que é feito no prepúcio da carne.

Nesse sentido, o termo ‘carne’ passou a representar a doutrina dos judeus, contrapondo à doutrina de Cristo, o espírito:

“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus, em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo e não confiamos na carne. Ainda que, também, podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu” (Filipenses 3.3-5).

Os que existem (são) segundo a carne, inclinam-se para as coisas da carne, pois só pensam nas coisas terrenas, como: quando se dará a restauração do reino a Israel, circuncisão do prepúcio da carne, linhagem, tribo, herança terrena, fábulas, genealogias, etc. A inclinação da carne é morte, perdição, pois não se sujeita à lei de Deus, mas, sim, a mandamentos de homens, portanto, não podem agradar a Deus.

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído” (Isaías 29.13; Tito 1.14);

“Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Fl 3:19).

Como os filhos de Israel não se sujeitaram a Deus, antes pretenderam voltar ao Egito, Deus jurou que não entrariam na terra prometida (Números 14.30). Deus já havia provado o povo em Refidim, que significa ‘refrigério’. Por causa da contenda em Refidim, o nome do lugar foi mudado para Meribá, que significa ‘contenda’, ‘murmuração’, lugar onde foram provados e onde tentaram ao Senhor.

“Clamaste na angústia e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos trovões; provei-te nas águas de Meribá” (Salmos 81.7);

“E recusaram ouvir-te, não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste,  endureceram a sua cerviz e, na sua rebelião, levantaram um capitão, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te e grande em beneficência, tu não os desamparaste” (Neemias 9.17; Nm 14.4).

Por causa das transgressões dos filhos de Israel, como as descritas acima, a lei foi dada (Romanos 5.20), até que viesse o Descendente prometido a Abraão (Gálatas 3.19).

“Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz e Israel não me quis. Portanto, eu os entreguei aos desejos dos seus corações e andaram nos seus próprios conselhos” (Salmos 81.11-12).

No entanto, em lugar de atentarem para o fato de que, ao ser dada a lei, os filhos de Israel estavam sendo contados como transgressores (1 Timóteo 1.9), passaram a se gloriar na lei e continuaram a desonrar a Deus, desobedecendo a lei: “Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus, pela transgressão da lei?” (Romanos 2.23 e 3:19).

Embora Abraão nada tenha alcançado de Deus, segundo a sua carne (Romanos 4.1), os descendentes de Abraão se gloriavam da carne, de modo que, a lei se mostrou impotente para o seu propósito (Romanos 8.3). A lei acusava os filhos de Israel de transgressores, e eles se auto justificavam, dizendo que eram filhos de Abraão, por descenderem da carne do patriarca.

A lei dada por Deus, por intermédio de Moisés, disciplinava os carnais, oriundos da carne de Abraão, e, por isso mesmo, a lei é declarada ‘lei do mandamento carnal’, diferente do evangelho, que é poder que concede vida incorruptível: “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível” (Hebreus 7.16).

Os que existem (são) segundo a carne, buscavam servir a Deus segundo a velhice da letra, mas eram faltos de entendimento, que só é revelado em Cristo (Romanos 10.2; Deuteronômio 32.28; Isaías 53.11).

“Mas, agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito e não na velhice da letra” (Romanos 7.6).

Quando o homem crê em Cristo, morre para a lei, portanto, é liberto do Senhor. Em Cristo serve a Deus, em novidade de espírito! É em função desta verdade que o apóstolo Paulo agradece a Deus por Jesus Cristo, pois com entendimento (conhecimento) agora servia (eu mesmo) o mandamento (à lei) de Deus: crendo em Cristo. Mas, se buscasse servir a Deus na velhice da letra, ou seja, com a carne, estaria sujeito à lei do pecado!

“Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado” (Romanos 7.25).

Daí, o contra ponto ‘carne’, versus ‘espírito’ e a máxima: os que são (existem) segundo o espírito, inclinam-se para as coisas do espírito, que é vida e paz com Deus (Romanos 5.1), visto que a parede de inimizade é desfeita (Efésios 2.14). ‘Espirito’ em Romanos 8 versos 5 e 6, não diz do elemento imaterial do homem que procede de Deus, antes diz do evangelho.

Como ‘evangelho’ e ‘espírito’ são termos intercambiáveis, nestes versos o apóstolo Paulo empregou o termo ‘espírito’, em lugar do termo ‘evangelho’. É por isso que o apóstolo Paulo se apresenta como ministro do espírito, que em última análise, é ministro do evangelho, ministro de Cristo.

“O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica (2 Coríntios 3.6);

“Assim está, também, escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante (1 Coríntios 15.45);

Quando o apóstolo Paulo conclui no verso 1 de Romanos 8, que não há condenação alguma para aqueles que são novas criaturas (pois quem está em Cristo Jesus nova criatura é), isto se deve ao fato de que foram gerados de novo pelo evangelho e agora vivem (andam) segundo o evangelho (espírito).

O mandamento do evangelho, ou seja, a lei do espírito de vida (1 João 3.23; Tiago 1.25; Hebreus 5.9; Romanos 6.17), é o que livra o homem da lei do pecado e da condenação herdada de Adão (morte), de modo que a justiça da lei cumpriu-se naqueles que andam (vivem) segundo o evangelho (Romanos 8.4).

“E seja achado nele, não tendo a minha justiça, que vem da lei, mas a que vem, pela fé, em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Filipenses 3.9).

O espírito de Deus que habita os cristãos, no contexto de Romanos 8, verso 9, refere-se à palavra de Deus:

“A palavra de Cristo habite em vós, abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR, com graça em vosso coração” (Colossenses 3.16).

O espírito que guia os filhos de Deus diz do evangelho:

“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26; 4.6; Romanos 8.14-16).

Nesse sentido, os cristãos da Galácia haviam começado a vida cristã pelo espírito, ou seja, pelo evangelho (Gálatas 3.2), que é a pregação da fé. Por intermédio do evangelho, os cristãos da Galácia foram libertos por Cristo (Gálatas 5.1), mas, agora, estavam voltando à servidão, ou seja, aos preceitos da lei (Gálatas 5.2-3).

 

Platonismo disfarçado de evangelho

O que se ensina em muitos púlpitos cristãos, em nossos dias, acerca da santificação, não é outra coisa a não ser doutrina espírita ou, como queiram, filosofia platônica.

Agostinho não soube ler os Evangelhos e, como acadêmico que foi, se imiscuiu nas questões filosóficas. Leu o evangelho de Cristo como doutrina moralizante e apresentou os ideais ascéticos, como ideário cristão.

Observe a seguinte leitura que Agostinho fez de uma carta paulina:

“Tinha ouvido que Antão, assistindo por acaso a uma leitura evangélica, sentiu um chamado, como se a passagem lida fosse, pessoalmente, dirigida a ele: ‘Vai, vende os teus bens e dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me’. E logo, voltei ao lugar onde Alípio ficara sentado, pois, ao levantar-me, havia deixado ai o livro do Apóstolo. Peguei-o, abri e li em silêncio o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar: ‘Não em orgias nem bebedeiras, nem a devastação e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne’. Não quis ler mais, nem era necessário. Mal terminara a leitura dessa frase dissiparam-se em mim todas as trevas da dúvida, como se penetrasse no meu coração uma luz de certeza” (Confissões, VIII, 12, ps. 28-29).

O que o apóstolo Paulo tratou no presente texto?

“Andemos, honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne, em suas concupiscências” (Romanos 13.13-14).

Ele falou da incontinência? De questões sexuais? Evidente que não!

Observando o contexto, verifica-se que o apóstolo Paulo estava instruindo os cristãos a se sujeitarem às autoridades constituídas, ordem que os judeus não aceitavam, a pretexto de serem filhos de Abraão (Romanos 13.1; 1 Pedro 2.11-15), tanto que sofreram revezes de Roma, através do general Tito.

Este é o contexto da abordagem paulina:

“Mas, principalmente, aqueles que, segundo a carne, andam em concupiscências de imundícia e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades” (2 Pedro 2.10).

Quem são os que, segundo a carne, andam em concupiscência e imundícia? Os judaizantes! As concupiscências de imundícia não eram de ordem sexual, mas, sim, de não sujeição às autoridades.

A desonestidade, a bebedeira e a glutonaria das quais o apóstolo Paulo estava alertando os cristãos, constam lá em Deuteronômio:

“E aconteça que, alguém ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe no seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme o parecer do meu coração; para acrescentar à sede, a bebedeira (Deuteronômio 29.19).

A questão comportamental já havia sido abordada, anteriormente:

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor, com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros, cumpriu a lei. Com efeito: não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: amarás ao teu próximo, como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Romanos 13.8-10).

Os judaizantes acusavam os cristãos de não serem cumpridores da lei, ou seja, libertinos, mas, o apóstolo Paulo demonstra que, se os cristãos, em obediência a Deus, cuidassem uns dos outros, cumpririam a lei: pois o amor é o cumprimento da lei. Já, os filhos de Israel estavam bêbados, mas não de vinho. “Tardai e maravilhai-vos, folgai e clamai; bêbados estão, mas, não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte” (Isaías 29.9; Malaquias 3.5).

Antes de fazer a abordagem, a qual Agostinho leu e, que ele julgou não ser mais necessário continuar lendo, pois, como por mágica, as trevas da dúvida se dissiparam, o apóstolo Paulo destacou que a noite já passou e o dia é chegado e que, em face, dessa nova realidade, os cristãos deviam rejeitar as obras das trevas e se vestir das obras da luz (Romanos 13.11-12).

‘Noite’ e ‘dia’ são figuras que contrapõem os judaizantes e os cristãos. Os judaizantes eram da noite e das trevas, pois estavam dormindo e se embebedando. Já os cristãos, como filhos da luz e do dia, portanto, devem permanecer vigilantes e sóbrios, vestindo-se da couraça da fé e do amor (1 Tessalonicenses 5.5-8).

Desse modo, os cristãos não deveriam se comunicar (comunhão) com as obras infrutuosas das trevas, ou seja, com as obras dos judaizantes. Tudo o que os judaizantes faziam são condenadas pela luz, pois a luz a tudo manifesta e, por isso, é dito: “Desperta, tu que dormes” (Efésios 5.11-14), conforme profetizado por Isaías no capítulo 60, verso 1.

Os cristãos deviam rejeitar as obras das trevas, ou seja, os ensinamentos e práticas dos judaizantes e se vestirem das armas da luz, que é bondade, justiça e verdade, descobrindo o que é agradável ao Senhor (Romanos 12.1-2). Deveriam se conduzir apropriadamente, como de dia, ou seja, não em glutonarias, uma figura que remete à rebeldia e recalcitrância, tanto que nomearam Jesus de comilão e beberrão (Números 11.4 e 33; Isaías 22.13; Deuteronômio 21:20; Mateus 11.19).

O termo grego κωμος (komos), traduzido por ‘orgia’, ‘farra’, não deve ser visto no contexto grego, que remete às procissões noturnas de bêbados, galhofeiros, que desfilavam pelas ruas das cidades em honra ao deus Baco. O termo deve ser visto, através do exemplo de desobediência, deixado pelos filhos de Israel (1 Coríntios 10.7) que, por serem desobedientes, se assentaram a comer e a beber, diante do bezerro de ouro (Êxodo 32.6).

O termo μεθη (methe), traduzido por ‘bebedeira’, não pode ser visto como ‘alcoolismo’, ‘esbornia[1]’, como era próprio das sociedades gentílicas da antiguidade: os gregos, bárbaros, etc., e nem como os vícios que assaltam a nossa sociedade, como cerveja, vinho, pinga, whisky, etc.

A bebedeira em questão, diz do vinho da contenda, ou seja, do vinho dos campos de Sodoma e Gomorra (Deuteronômio 32.33). As práticas religiosas dos judeus visava tão somente a contenda, a divisão. “Eis que para contendas e debates jejuais e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto” (Isaías 58.4).

“Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente! Harpas e alaúdes, tamboris, gaitas e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do SENHOR, nem consideram as obras das suas mãos” (Isaías 5.11-12);

“Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.17-18).

Quem se desvia do evangelho, entrega-se à contenda, que é produzida pelo vinho dos judaizantes. “Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas” (1 Timóteo 1.6; 1 Timóteo 6.4-5; 2 Timóteo 2.23; Tito 3.9). As dissensões excitadas pelo vinho da contenda traz a rivalidade, que em grego é ζηλος (zelos) e contendas, disputa, discussão, que, em grego, é ερις (eris).

O termo grego κοιτη (koite), comumente traduzido por adultério, coabitação ilícita e relação sexual, bem como ασελγεια (aselgeia), traduzido por luxúria desenfreada, excesso, licenciosidade, lascívia, libertinagem, caráter ultrajante, etc., na abordagem paulina, remete a quem persiste no erro e engoda os inconstantes.

“Porquanto, fizeram loucura em Israel e cometeram adultério com as mulheres dos seus vizinhos e anunciaram falsamente, em meu nome, uma palavra que não lhes mandei, eu o sei e sou testemunha disso, diz o SENHOR” (Jeremias 29.23);

“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).

Os cristãos não poderiam ter cuidado da carne, em suas concupiscências, que eram questões típicas dos judeus, como genealogias, fábulas, contendas acerca da lei, comidas, festas, luas, sábados, circuncisão, etc., antes, deveriam se revestir do Senhor Jesus Cristo, tomando toda a armadura.

 

Platonismo hoje

Watchman Nee, no seu Livro ‘O homem espiritual’ faz uma citação de G. H. Pember (1837-1910):

“Em seu estado anterior à queda, Adão nada sabia dessas incessantes lutas entre espírito e carne, que, para nós, são experiências diárias. Suas três naturezas se uniam perfeitamente, formando uma só. A alma, como fator de unidade, tornou-se a base de sua individualidade, de sua existência como ser distinto” (Pember’s Eatth’s Earliest Age)

Por fim, Watchman Nee arremata:

“Porque aquilo que o homem é, depende de como é sua alma. Esta o representa e expressa sua individualidade. É a sede do livre-arbítrio do homem, o lugar onde o espírito e o corpo se unem de maneira perfeita. Se a alma do homem quiser obedecer a Deus, permitirá que o espírito o governe, conforme ordenado por Deus. Se ela preferir, poderá, também, na condição de dominadora do homem, reprimir o espírito e deleitar-se fora do Senhor” Nee, Watchman, O homem espiritual, tradução de Delcio de Oliveira Meireles, Belo Horizonte, Ed. Betânia, 2002, p. 32.

Ao final do seu Livro, Nee anuncia um remendo da doutrina de Platão:

“Essa guerra entre a alma e o espírito é travada em secreto, no interior dos filhos de Deus e não tem fim. A alma procura manter sua autoridade e agir, independentemente, enquanto o espírito luta para possuir e dominar tudo, no sentido de manter a autoridade de Deus em nossa vida. A alma sempre tende a assumir a liderança em tudo, antes de o espírito conquistar essa ascendência (…) Nossa vida natural é um tremendo obstáculo à espiritual (Enquanto o ego não é tocado, os filhos de Deus vivem guiados por estímulos e sensações que variam bastante (…) Se a mente estiver excessivamente ativa, pode influenciar e perturbar a tranquilidade do espírito” Idem. ps. 238 e 239.

Além de apresentar uma concepção platônica em seu livro, Watchman Nee equivoca-se ao interpretar o seguinte versículo:

“O qual nos fez, também, capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica” (2 Coríntios 3.6).

Neste verso, o apóstolo Paulo contrapõe ‘lei’ e ‘evangelho’, através dos seus resultados: ‘mata’ e ‘vivifica’, de modo que a lei, é a ‘letra’ que mata e o evangelho, o ‘espírito’ que vivifica. Esse mesmo contraponto é feito com os termos ‘carne’ e ‘espírito’, como já vimos.

Nee interpreta que, quem busca o conhecimento e ultrapassa os limites espirituais, terá somente ‘letra’ e não ‘espírito’:

“É bom admirar o conhecimento espiritual, mas, se ultrapassarmos os limites espirituais, o resultado será, simplesmente, ‘letra’ e não, ‘espírito’. Isto explica porque vários obreiros, embora preguem a pura verdade bíblica, são tão frios e mortos”. Idem, p. 239.

Ora, se alguém prega a pura verdade bíblica é perfeito, pois não tropeça na palavra da verdade, mesmo que tropece em muitas coisas (Tg 3:2). Como pode alguém perfeito estar frio e morto?

Destacamos aqui, que inexiste no interior do homem uma luta entre a carne e o espírito ou, entre a alma e o espírito! As necessidades do corpo físico e os anseios da alma, são próprios à humanidade e não possuem relação com a ideia bíblica da ‘carne’ versus ‘espírito’.

Negar as necessidades do organismo ou, os anseios da alma, não foi proposto por Cristo como caminho para se chegar a Deus. Cristo se interpôs como o caminho, sendo Ele suficiente para conduzir o homem a Deus.

Cristo não estabeleceu nenhuma prática ascética, oriunda do ascetismo, filosofia de vida, em que se devam refrear os anseios da alma e as necessidades básicas do corpo. Cristo comia e bebia livremente, em companhia de diversos seguimentos da sociedade.

O apóstolo Paulo esclarece que a comida ou, a privação dela, não faz os homens agradáveis a Deus. “Ora, a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta” (1 Coríntios 8.8).

Em linhas gerais, essa é a recomendação do apóstolo Paulo para os cristãos:

“Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que, também, os que têm mulheres, sejam como se não as tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que folgam, como se não folgassem; os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa” (1 Coríntios 7.29-31).

É um tremendo engano, alegar que o crente precisa ter consciência de uma luta interior, se deseja servir a Deus, pois tal luta inexiste, pois, para servir a Deus, basta sujeitar-se a Ele, crendo que Jesus é o Filho de Deus.

A Bíblia demonstra que todos os homens são sujeitos aos mesmos sentimentos ou, afeições (paixões), e elas não constituem entrave à comunhão com Deus.

“E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto há neles” (Atos 14.15);

“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra” (Tiago 5.17).

Satisfazer os desejos do corpo ou, os anseios da alma, não é o mesmo que satisfazer os desejos da carne. Dormir, comer, beber, trabalhar, descansar, ou, mesmo fazer sexo, são atividades não relacionadas aos desejos da carne, nem mesmo sonhar, desejar, planejar, gostar, apaixonar, amar, etc.

O maior problema de muitos cristãos, com relação às questões do corpo e da alma, surge da má leitura das Escrituras. Quando o apóstolo Paulo relata que tinha um espinho na carne, alguns entendem que o apóstolo estava lutando contra o pecado. Na verdade, ele estava sendo protegido por Deus para não se ensoberbecer, pois a soberba precede a queda (2 Coríntios 12.7; Gálatas 4.14). E tal espinho (dificuldade), especula-se que poderia decorrer de uma deficiência visual, que o impedia de ler ou, de escrever (Gálatas 6.11), ou alguma secreção decorrente de alguma inflamação como renite, sinusite, etc., que fomentava certa rejeição entre os judeus, ou perseguições impostas pelos judaizantes, mas, ninguém sabe!

Não há como alguém fortalecer o seu espírito, para vencer a vontade do seu corpo ou, a da alma. O homem é corpo, alma e espírito e não há como dissociá-los! Não há como o homem fortalecer o espírito ou, alimentá-lo, independentemente do corpo, pois o homem é espírito.

“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também, ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1 Coríntios 2:11).

O corpo, inundado pelas emoções e pelos sentimentos, guiado pela consciência e pelas decisões, é parte constituinte do homem. O corpo é elemento material e o espírito é a vida existencial, concedida por Deus, que, unidos, fizeram surgir a alma, que constitui a identidade do espírito, da qual, jamais, será dissociado.

Todos os homens possuem corpos, constituídos de matéria que, em suma, são idênticos na sua funcionalidade. Todos os homens possuem um elemento imaterial que procede de Deus, denominado espírito. Todos os espíritos concedem, igualmente, o fôlego de vida aos homens e procederam de Deus, sem identidade e individualidade. Quando o corpo passa a ser animado pelo espírito, que procede de Deus, surge a alma, a identidade do espírito, que o individualiza dos outros.

Se alguém lutar contra o sono, por exemplo, para debilitar o corpo, tencionando tornar o espírito mais forte, somente prejudicará o corpo, mas, o espírito, continua o mesmo: sabendo as mesmas coisas. A ideia de que existe luta da ‘carne’, versus ‘espírito’, na existência do cristão, advém do fato dele tentar reprimir seus instintos naturais. Se o homem ficar sem dormir, o corpo humano, por preservação, será vencido pelo sono. Se se abstiver do sexo, o homem ou, a mulher, somente tornar-se-ão incontinentes e suscetíveis à tentação (1 Co 7:5).

Muitos cristãos acham que há uma luta entre o corpo e o espírito ou, entre  a alma e o espírito, a pretexto de vencerem as paixões da carne, por privarem o seu corpo de necessidades essenciais, como o sono, a comida, a bebida, o sexo, etc.

“Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças” (1 Timóteo 4.2-3).

Ora, os que pertencem a Cristo, crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências, de modo que é impossível, àqueles que pertencem a Cristo, satisfazerem os desejos da carne, porque o apóstolo Paulo pontua a carne como os preceitos segundo a lei e o espírito, como doutrina do evangelho, não como repressão às necessidades do corpo:

“E os que são de Cristo, crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.24).

Correção ortográfica: Pr. Carlos Gasparotto


[1] Esbórnia – festa ou encontro festivo, em que predominam o hedonismo e o desregramento; farra, pândega.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

One thought on “A luta entre a carne e o espírito

  • Paz.do Sr. Preciso de ajuda, fiquei maravilhado com o estudo, mas não posso negar, por mim mesmo, que busco levar uma vida de oração, estudo bíblico, obediência a palavra de Deus, congregar e servir ao próximo, ainda assim nesses 34 anos com Jesus, fui tentado, pequei, sempre busquei em Jesus o perdão e continuei a caminhada, minha conversão na época não foi real, pois pequei? Confesso que qto mais convivi próximo ao Sr. Mais graça fui tento para resistir, mais sinto ainda hoje a necessidade de vigilância para não pecar.

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