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Aquele que crê em Cristo vive esta nova realidade em verdade: após encontrar a cruz de Cristo, morreu para o pecado e está efetivamente justificado do pecado.


A palavra ‘Justificação’

Em Romanos 3, verso 7, o apóstolo Paulo estabelece uma relação entre as palavras ‘morto’ e ‘justificado’: “aquele que está morto” também “está justificado” do pecado! Ou seja, a primeira condição (morto) implica na segunda (justificado). Satisfeita a primeira condição (morto), a segunda é estabelecida (justificado).

A palavra justificação é de origem latina composta de ‘justus’ e ‘facere’ e significa ‘fazer justo’ em português.

As palavras ‘justificado’ e ‘justiça’ são traduções de palavras gregas semelhantes. Temos o verbo dikaiôun que é ‘declarar justo’, ‘justificar’. O substantivo dikaíosis que é ‘justificação‘, ‘justiça’, e o adjetivo dikaios, que qualifica que é ‘justo’.

Uma tradução precisa dos termos que fazem referência à justificação auxilia em muito a interpretação dos escritos de Paulo, porém, só os termos tomados de maneira isolada não revelam a grandeza das ideias centrais que compõe a doutrina da justificação.

Para entendermos a extensão das expressões supracitadas devemos atentar mais para o contexto nas quais elas foram citadas, do que para o significado denotativo da palavra.

Este estudo não se limita a apresentar um trabalho de conclusões. Antes, procuramos apresentar ao leitor o raciocínio que se deve percorrer para chegar às conclusões que apontaremos no decorrer deste estudo.

Aquele que está morto

Em Romanos 3, verso 7, o apóstolo Paulo estabelece uma relação entre as palavras ‘morto’ e ‘justificado‘: “aquele que está morto” também “está justificado” do pecado! Ou seja, a primeira condição (morto) implica na segunda (justificado). Satisfeita a primeira condição a segunda é estabelecida.

Antes de ser feita a declaração “… porque aquele que está morto está justificado do pecado”, o apóstolo Paulo enfatiza de maneira contundente a ‘morte’ daqueles que creem em Cristo (estão) conforme diz a escritura ( Rm 6:1 -6).

Para entendermos precisamente a declaração paulina devemos ter a resposta da seguinte pergunta: Quem está morto?

A resposta está no versículo dois do capítulo seis da carta aos Romanos: Nós, ou seja, Paulo e os cristãos!

Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” ( Rm 6:2 )

No versículo acima o apóstolo esclarece aos leitores da carta aos Romanos que todos eles estão mortos para o pecado, ou seja, nenhum crente em Cristo ‘vive’ para o pecado. Isto significa que efetivamente os cristãos estão mortos para o pecado.

Caso alguém argumentasse contra esta realidade (mortos para o pecado), o apóstolo Paulo contra argumenta de quatro maneiras diferentes para se fazer compreensível.

  1. Os que foram batizados foram batizados na morte de Cristo ( Rm 6:3 );
  2. Pelo batismo na morte todos foram sepultados com Cristo ( Rm 6:4 );
  3. Todos foram plantados juntamente com Cristo, e ( Rm 6:5 );
  4. Uma vez que, todos sabiam que haviam sido crucificados com Cristo.

“Pois sabemos isto, que o nosso velho homem foi com ele crucificado…” ( Rm 6:6 )

Diante dos elementos que foram apresentados restam as seguintes conclusões: vocês estão mortos! “Pois morrestes, e a vossa vida está oculta com Cristo em Deus” ( Cl 3:3 ).

“Ora, se já morremos com Cristo…” ( Rm 6:8 ).

“Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado…” ( Rm 6:11 ).

Quando o apóstolo Paulo diz: ‘considerai-vos’, não significa simplesmente imaginar como se estivessem mortos para o pecado, antes os cristãos deviam estar cônscios, vivendo esta nova realidade. Paulo não apregoou um ‘faz de conta’, antes ele anunciou verdades eternas.

Aquele que crê em Cristo vive esta nova realidade em verdade: após encontrar a cruz de Cristo, morreu para o pecado e está efetivamente justificado do pecado.

Observe que a palavra ‘considerai’ do versículo onze significa ‘contar com’, ‘descansar em’. Aliado ao significado da palavra, está o contexto, que demonstra que os cristãos efetivamente estão mortos para o pecado.

Está Justificado do Pecado

Já que os cristãos efetivamente morreram para o pecado como foi observado em ( Rm 6:2 ), conclui-se que quem está justificado perante Deus necessariamente já morreu para o pecado.

De outro modo: aquele que está vivo para o pecado não está justificado do pecado. Portanto, só é possível ser justificado do pecado quando se está morto para ele.

A condição ‘justificado do pecado’ é real e efetiva, pois decorre da primeira, que é estar morto para o pecado “… porque aquele que está morto está justificado do pecado”.

Dentro deste contexto de ‘morte para o pecado’ e ‘justificado do pecado’ torna-se possível determinarmos qual o real significado das palavras ‘justificação’ e ‘justificar’.

Qual a melhor tradução para as palavras dikaíôun e dikaíosis? Seria ‘fazer justo’? ‘criar justo’? Ou ‘declarar justo’?

O parágrafo seguinte nos auxiliará na escolha da tradução que melhor transmite à ideia apresentada pelo contexto.

Para que sejas justificado

Quando Paulo faz a citação de um versículo do salmista Davi, nos auxilia em muito na compreensão da extensão do significado da palavra justificado.

Neste salmo Davi demonstrou que reconhecer os próprios erros é a melhor maneira de declarar sem palavras que Deus é justo “Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares” ( Sl 51:4 ).

Ele assume os seus erros para que Deus seja justificado ao falar.

O que o contexto nos apresenta?

  • Davi assumiu os seus erros para ‘fazer’ Deus justo?
  • Davi assumiu os seus erros para ‘criar’ Deus justo?
  • Ou Davi assumiu os seus erros para ‘declarar’ que Deus é justo?

O contexto nos aponta a terceira opção. O homem declara a justiça de Deus quando reconhece os seus próprios erros.

O salmista reconhece sua condição em decorrência do seu pecado: “…contra ti, contra ti somente pequei…”, com um objetivo bem definido: declarar a justiça de Deus “… para que sejas justificado quando falares…”.

O apóstolo cita este salmo para declarar que Deus é verdadeiro, ou seja, ao citar este salmo, Paulo tem a intenção nítida de fazer uma declaração sobre um dos atributos de Deus: Deus é verdadeiro, ou: sempre seja Deus verdadeiro!

“De maneira nenhuma. Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado”( Rm 3:4 )

O apóstolo Paulo ao declarar que Deus é verdadeiro cita o salmista para dar sustentabilidade à sua declaração. Paulo demonstra que a sua declaração é conforme as Escrituras.

Temos dois elementos no texto, que se somados, evidenciam a ideia que a palavra ‘justificado’ procura transmitir:

  • Davi reconhece os seus erros como forma de evidenciar que Deus é justo;
  • Paulo utiliza o salmo para dar peso a sua declaração: Deus é verdadeiro e todo homem mentiroso.

Desta forma temos que, a palavra ‘justificado’ se traduz por ‘declarar’ justo.

Declarar: Dar a conhecer; expor; proclamar publicamente, anunciar solenemente; revelar, julgar, considerar, nomear, etc.

O apóstolo Paulo fez a citação de um salmo onde a palavra justificado engloba a mesma ideia que ele procura transmitir com os termos dikaíôun e dikaíosis.

Claudio Crispim

É articulista do Portal Estudo Bíblico (https://estudobiblico.org), com mais de 360 artigos publicados e distribuídos gratuitamente na web. Nasceu em Mato Grosso do Sul, Nova Andradina, Brasil, em 1973. Aos 2 anos de idade sua família mudou-se para São Paulo, onde vive até hoje. O pai, ‘in memória’, exerceu o oficio de motorista coletivo e, a mãe, é comerciante, sendo ambos evangélicos. Cursou o Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública na Academia de Policia Militar do Barro Branco, se formando em 2003, e, atualmente, exerce é Capitão da Policia Militar do Estado de São Paulo. Casado com a Sra. Jussara, e pai de dois filhos: Larissa e Vinícius.

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